Desde que assumiu o seu primeiro mandato, em 2009, o prefeito de Barbalha, Zé Leite (PT), enfrenta a pior crise do seu governo. Cercado de denúncias encaminhadas pela bancada de oposição, agora, o prefeito petista observa sua própria base política na Câmara Municipal denunciar a paralisação nos serviços públicos e cobrar uma resposta para a população.
Nove dos dez vereadores que compõem a base aliada de Zé Leite já se pronunciaram sobre a necessidade de retomada dos serviços, disparando críticas à falta de ação do prefeito frente aos problemas. Os vereadores reclamam que Zé Leite tem tomado medidas econômicas que têm levado o Município ao caos administrativo. Segundo os parlamentares, a atitude do prefeito compromete a continuidade do projeto partidário em Barbalha.
Para o vereador Flávio Cruz (PMDB), o fato de ser da base aliada não o obriga a compactuar com o que está acontecendo. Segundo Flávio, a precariedade dos serviços é evidente. “Fiz dois requerimentos pedindo a volta do veículo do setor de endemias e a equipe do Centro de Zoonoses. Hoje, o que se fala é em combater doenças como a dengue, zika e chikungunya, mas, em Barbalha, não existe nem carro para transportar os agentes de endemias”, disse Flávio Cruz.
Odair José (PT) ressaltou a autoridade dos parlamentares para fazer a crítica e a cobrança. Apesar de justificar que a bancada sempre esteve ao lado do prefeito na defesa do seu governo, o vereador citou o funcionamento precário de PSF’s e escolas. “Nas comunidades, nós estamos sendo cobrados pelo bom funcionamento dos serviços. Não podemos nos calar”,ressaltou Odair José.
Com críticas voltadas ao abandono da zona rural, o vereador Everton Siqueira (Veve – PP) falou da precariedade das estradas e observou que serviços simples, como o roço, acabam tendo um caminho longo até a resolução do problema. “Sem falar na qualidade das estradas e na deficiência da assistência à saúde, que trazem transtornos para as pessoas mais simples e que necessitam de maior atenção”, destacou Veve. O vereador reclamou, ainda, da retirada de ambulâncias de algumas comunidades por falta de manutenção dos veículos.
Apesar de avaliar as denúncias como pauta positiva para o prefeito, Dorivan Amaro (PT) citou os banheiros do Terminal Rodoviário como exemplo do descaso. Segundo ele, os aparelhos estão fechados há cinco meses. Outro problema citado pelo vereador são as viagens à Fortaleza para resolver questões de saúde. Segundo Dorivan, o deslocamento é feito em topiques, semanalmente, causando transtornos aos pacientes, que são obrigados a ficar até três dias na capital, sem qualquer condição financeira
Outras denúncias citadas pelos vereadores é o fechamento do Centro de Especialidades Odontológicas (CEU), a deficiência na limpeza com a redução dos garis, a falta deabastecimento de água nas comunidades rurais e da iluminação pública.
As denúncias e reivindicações foram relacionadas em um documento assinado por nove vereadores, incluindo Cícera Show (PRB), Hélio Amaral (PDT), Rosário Amorim (PTN), Antônio Sampaio (PMDB) e o presidente da Casa, Daniel Cordeiro (PT). Apenas o líder da bancada, Aurino Preu (PP), não assinou o documento, que deve ser apresentado ao prefeito Zé Leite.
Os vereadores não falam em levar o documento ao conhecimento do Ministério Público do Estado (MPCE), mas a possibilidade não está descartada. A bancada de oposição já fala em aproveitar o levantamento e a confirmação de quase todos os parlamentares para denunciar o caso aos órgãos de fiscalização.
Os vereadores aliados tentam uma reunião com o prefeito para apresentar o documento, mas, até agora, não tiveram sucesso. Eles prometem continuar cobrando uma resposta de Zé Leite para as reivindicações. Nossa reportagem tentou contato com o prefeito de Barbalha, mas ele não foi encontrado para responder aos questionamentos.
As informações são do Jornal do Cariri