Agência Brasil – Foto: Reprodução
O ano de 2017 iniciou com 855 cidades brasileiras em situação de alerta ou de risco de surto de dengue, chikungunya e zika, de acordo com o último Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LIRAa) do Ministério da Saúde. Com esse cenário, já é possível apontar uma necessidade de redobrar os cuidados de combate aos criadouros do vetor dessas doenças, para evitar que número de casos cresça cada vez mais.
De acordo com os dados do Ministério da Saúde, no ano de 2016 o número de casos de dengue manteve-se estável se comparados ao ano anterior. Até o dia 10 de dezembro foram registrados quase 1,5 milhão de casos prováveis em todo o Brasil, contra pouco mais que 1,6 milhão de casos no ano anterior.
A febre pelo vírus Zika só entrou para a Lista Nacional de Notificação Compulsória de Doenças, Agravos e Eventos de Saúde Pública em fevereiro de 2016, portanto não existem dados oficiais comparativos com o ano de 2015, quando a doença foi identificada pela primeira vez no Brasil. Desde que começou a ser notificada até a publicação do último boletim em dezembro de 2016, foram registrados quase 212 mil casos prováveis de febre pelo vírus Zika no país.
Os casos de febre chikungunya foram os que mais cresceram nesse último ano, com um aumento de cerca de 620% em relação a 2015. Foram registrados em 2016 pouco mais de 263 mil casos, contra 36 mil no ano anterior. De acordo com o ministro da Saúde, Ricardo Barros, a tendência é de que o número de casos dessa doença continue em ascensão em 2017.
Embora o vetor seja o mesmo, o Aedes aegypti, e as três doenças tenham origem no mesmo continente, a África; para a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a dificuldade de diagnóstico preciso pode representar um risco para os pacientes. O problema ocorre porque os sinais clínicos causados por esses vírus também são muito parecidos, mas o tratamento é bastante diferenciado.
De forma geral, as três doenças causam febre, dores de cabeça, dores nas articulações, enjoo e exantema (rash cutâneo ou manchas vermelhas pelo corpo). No entanto, existem alguns sintomas marcantes que as diferem.
As diferenças entre dengue, chikungunya e zika
Zika
Os sintomas relacionados ao vírus Zika costumam se manifestar de maneira branda e o paciente pode, inclusive, estar infectado e não apresentar qualquer sintoma (apenas uma em cada quatro pessoas infectadas apresenta manifestação clínica da doença). Mas um sinal clínico que pode aparecer logo nas primeiras 24 horas e é considerado como uma marca da doença é o rash cutâneo e o prurido, ou seja, manchas vermelhas na pele que provocam intensa coceira. Há, inclusive, relatos de pacientes que têm dificuldade para dormir por conta da intensidade dessas coceiras. Ao contrário da dengue e da chikungunya, o quadro de febre causado pelo vírus Zika costuma ser mais baixo e as dores nas articulações mais leves. A doença ainda traz como sintomas a hiperemia conjuntival (irritação que deixa os olhos vermelhos, mas sem secreção e sem coceira), dores musculares, dor de cabeça e dor nas costas. Bastante raros, os relatos de morte em decorrência de zika estão, geralmente, relacionados ao agravamento do estado de saúde do paciente, já portador de outras enfermidades. Em 2016, foram confirmados laboratorialmente seis mortes por vírus Zika: quatro no Rio de Janeiro e duas no Espírito Santo. A doença é associada a complicações neurológicas, como a síndrome de Guillain-Barré e a ocorrência de microcefalia e malformação cerebral em recém-nascidos contaminados pelo vírus ainda durante a gestação. Em 2016, foram registrados 16.864 casos prováveis de gestantes infectadas pelo Zika, sendo 10.769 confirmados por critério clínico-epidemiológico ou laboratorial. Destes, foram notificados 10.574 casos de recém-nascido natimorto, abortamento ou feto com suspeita de microcefalia ou alterações do sistema nervoso central (SNC), dos quais 3.144 (29,7%) permanecem em investigação e 7.430 já foram investigados, sendo 2.289 confirmados e 5.141 descartados.Casos de microcefalia no Brasil
(Clique no estado para saber quantos casos de microcefalia foram notificados e confirmados em cada unidade da federação, de 8 de novembro de 2015 a 17 de dezembro de 2016)Fonte: Ministério da Saúde