Últimas Notícias
latest

Ideologia de gênero volta ser tema de sessão da Câmara de Juazeiro do Norte

DA AGÊNCIA CARIRICEARAReportagem e fotos de Adriano Duarte

Ficou acertado para o dia 8 de novembro uma audiência pública para debater o tema ‘Ideologia de gênero’, que foi o principal assunto debatido na Câmara de vereadores de Juazeiro do Norte, na tarde desta quinta-feira, dia 26.A representante da Frente de Movimento de Mulheres, Verônica Izidoro, e o Membro do Conselho LGBT, Pablo Soares, usaram a tribuna da Casa para defender seus posicionamentos contrários ao do projeto dos vereadores Demontier Agra e Damiam de Firmino, autores do projeto que veta ideologia de gênero nas escolas.Os ânimos chegaram a se acirrar, mas foi rapidamente contornado pelo presidente da mesa.No uso da tribuna, líder de movimento de classe, Verônica Izidoro, apontou o Cariri como uma entre as regiões que mais mata mulheres. O Brasil é o país que mais mata transexuais no mundo e esses dados fazem com que seja necessária a discussão, também, nas escolas.O representante do movimento LGBT, apesar dos entraves, disse ter saído feliz com a percepção sobre o como a câmara tem tratado o tema.“Então eu acho que é um momento propício para o debate, sabe eu saio daqui feliz de ver a maioria dos vereadores da casa se pronunciando a respeito então estão interessados para o diálogo, estão interessados para o debate que é exatamente o que eu venho procurar aqui a maioria dos movimentos sociais também vem procurar aqui né. É uma questão que precisa de discussão, é propor uma lei a respeito de algo que parece estar sendo levado de uma maneira Leviana é muito preocupante, então a audiência vai estar aí para o diálogo a casa do povo vai seguir com suas audiências para o diálogo e eu estarei aqui para dialogar a respeito disso e conversar sempre com os vereadores e com você”.Durante a sessão, Pablo havia falado que os dois lados do debate têm a mesma finalidade, proteger as crianças, e respondeu sobre o que falta para a convergência de ideias.“Primeiramente apaziguar os ânimos eu acho que tem que ter autocentramento, acho que tem que ter uma didática melhor de posicionamentos vereadores, vereadoras e representantes da sociedade. E eu acho que é mais ou menos o que eu já falei é o momento de diálogo né, nós já vimos como pesquisadores, como militantes, com professores articulando os vários espaços de capacitação a respeito da temática de gênero e sexualidade, vários espaços de debate que a maioria dos próprios vereadores não estão presentes, uma tristeza só em um momento como esse de tanto que chega a sair até vozes violentas a gente só se preocupar agora para debater, mas ainda é tempo de debater, e ainda é tempo de não corroborar com essa proposta de lei”.Para ele, o debate perde o eixo a medida que não há uma disciplina que se aplique como ideologia de gênero.“Não existe uma proposta de ideologia de gênero Por parte dos movimentos sociais, por parte dos educadores, nós somos trabalhadores e trabalhadoras que não temos nem tempo para isso, o que nós fazemos é abraçar as crianças que chegam às perguntas e propor um debate chamando pesquisadores, chamando articuladores da área para falar sobre quando necessário e quando chamado, não existe nenhuma disciplina de ideologia de gênero proposta por nenhum nenhuma instituição até que se prove o contrário, então os vereadores os proponentes que me mostre. Ideologia de gênero que eu conheço é um conjunto de ideias que pensam a respeito de gênero e esse conjunto de ideias já está posto desde a minha infância quando eu sou interditado pelo meu jeito de ser que não é vindo de outro, não é ensinado a ser violentado a partir disso, Isso sim eu compreendo como ideologia de gênero, agora que nós estamos querendo ensinar as crianças a ser tal ou coisa outra eu desconheço”.Para o proponente da matéria, Vereador Demontier Agra, a intenção é evitar que crianças tenham contato com conteúdo não adequado para a idade.“É um assunto relativamente novo que eu e o vereador Damian fizemos questão de trazer para esta casa justamente pra isso, pra gente tornar a público essa questão que já vem disseminado aí no Brasil afora, e a questão da ideologia de gênero pelo que eu andei estudando e realmente que na escola ter aquela orientação que a criança não tem sexo, não tem gênero é isso acarreta uma dúvida na criança, a criança pode ficar confusa, e a gente acredita que criança não é para tá pensando em sexualidade, não é para tá pensando que seu gênero é a ou b a gente defende que a criança tem que ir na escola brincar, e receber amor carinho diversão e não simplesmente essa questão de sexualidade e gênero”.O ponto convergente entre os movimentos e os proponentes da matéria é sobre a preservação infantil. Então o vereador Agra responde, o que falta para que o dialogo também possa convergir.“A questão de defender as crianças isso é unanime, tem várias formas, vou te dizer tem várias formas de defesa de criança né a gente tem várias formas de aplicação na vida de algumas matérias que a gente repete que sexualidade, questão de gênero não compete a criança nas primeiras idades, tem várias outras questão de educação pra brincar, questão lúdica que a criança possa crescer se descobrindo o aprendizado e a questão dessa questão de sexualidade e a gente acredita que bem mais na frente é que deve ser implementado nas escolas e não simplesmente nas primeiras idades que eu não falei. Vai gerar uma dúvida, e a criança vai ficar confusa e a gente é contra defendendo justamente isso que criança não é para ter sexualidade. E acompanho várias pessoas que nos procuraram parabenizando, como também tem o pessoal contrário que a gente também respeita e vamos ter um debate saudável aqui nessa casa e vamos chegar no denominador comum”.Para a Veronica, não há a intenção de inserir ideologia de gênero nas escolas. Outras pautas, segundo ela, são muito mais palpitantes para os grupos de defesas das minorias.“Eu acho que não temos a intenção de inserir a ideologia em lugar nenhum, ideologia de nenhuma das formas de ideologia, eu acho que essa não é a intenção das nossas falas, das nossas ações enquanto movimentos sociais enquanto movimento de mulheres, eu acho que essa discussão é para muito, além disso. Isso que a informação de que o congresso vetou a ideologia de gênero não ficou muito bem entendido pra todo mundo, o que foi que aconteceu , é uma coisa que a gente não tem se preocupado não porque nós temos uma coisa que nos é mais cara e rara pra se preocupar que é a existência e a permanência de nossos estudantes nas escolas de forma digna e respeitosa, então isso é o que a gente deve se preocupar, a gente quer acabar com a evasão escolar por conta de orientação sexual porque quando a gente tem alunos transexuais dentro das escolas a gente tem dificuldade de lidar com essas dificuldades, seja um banheiro pra usar, seja a maneira de um menino ou uma menina andar na escola, então os professores não tem preparação pra discutir pra tratar essa pessoa da forma que ela tem que ser tratada, então a gente tem uma discussão muito mais rica, mais cara para ser tratada que é essa permanência dos nossos estudantes, das nossas estudantes com dignidade e com respeito”.Conforme conta a líder de movimentos classistas, o que é preciso é a preparação do professor para lidar com eventuais situações que possam ocorrer.“Falta preparação para professores né para dialogar todos os temas que se dizem muito polêmicos, mas aí nós temos que lutar por um investimento governamental na perspectiva da formação de professores, educadores e educadoras, mas sempre nessa perspectiva de agregar, de trazer sim a diversidade, tirar ela de onde elas estavam escondidos, trazer aqui para as pessoas reconhecerem, verem e respeitarem, esse assim eu acho que a gente consegue combater a violência de gênero que tem diminuir, acabar com violência contra as mulheres quando a população LGBT no Brasil no Ceará e no Cariri”.Para o também autor do projeto, Damiam de Firmino, o debate está sendo muito bom, mas houve desrespeito por parte do visitante. Ele disse esperar que na audiência marcada para o dia 08 de novembro a situação não se repita.“Fico feliz em recebê-los aqui na casa, a casa é democrática, a casa que a gente pode questionar, pode debater, mas eu antes de tudo como eu falei eu acho que antes de debater o projeto tem que ter respeito coisa que não houve da parte das pessoas do Pablo e da Verônica que usaram A tribuna, proferiram palavras debaixo de baixo calão para mim e para o Demontier, e como eu falei, eu acho que a democracia é essa, debater eu não tô aqui pra aprovar, eu não estou com pressa para aprovar, estou com pressa para debater, agora para aprovar não”.Outro ponto colocado é sobre legitimidade do projeto, visto que não há a previsão de inserção de disciplina nesse sentido para o Brasil em quaisquer das esferas.“Assim, nós temos que pensar aqui, então o projeto que eu e o Demontier estamos criando é um projeto que visa melhorar e trabalhar mais as crianças, eu acho que como eu falei em outra reportagem que as escolas e os professores têm assuntos mais importantes a tratar com as crianças do que é ideologia de gênero. Então eu acho que nós estamos fazendo o nosso papel, é se nós não podemos esperar vir de cima para baixo nós podemos sair de baixo para cima, também para que os representantes no Congresso Nacional da gente tomem o mesmo exemplo da gente e façam valer a lei”.Para o presidente da câmara, Gledson Bezerra, essa questão da legislação sobre algo inexistente, também é algo que deve ser observado. Contudo, para ele, é inevitável que o tema seja discutido em todos os ambientes da sociedade.“O tema deve ser discutido, o debate deve acontecer porque eu me questiono aqui se é hora de legislar e da forma como está posta, tão somente resumidamente no artigo 1º fica vedada a discussão de ideologia de gênero na escola municipal isso é o bastante para resolver problemas? Então nós temos que discutir com muita franqueza e com muita sobriedade. Com o advento das redes sociais fica inegável a gente reconhecer, fica forçoso a gente reconhecer que esse tema está sendo discutido hoje agora nesse momento nas redes sociais, o que nós temos que preparar os nossos educadores para saberem lidar com esse tema estabelecendo também certos limites. Nós vamos discutir isso no ensino infantil? Nós vamos discutir na primeira, segunda série? O que é que diz a Legislação Federal? O que é que diz a justiça? E já que o STF está se debruçando sobre essas matérias, então tudo isso tem que ser com muita sobriedade, sem aquele clima de clima de fla-flu, sem aquele clima de rivalidade porque se nós dividimos a população entre aqueles que são contra aqueles que são a favor gerando mais violência eu tenho certeza que não é a intenção de nenhum dos colegas vereadores”.Já em Crato, ainda sobre o tema ideologia de gênero, há um movimento denominado “Veta Zé”, fazendo diretamente um pedido ao prefeito Zé Ailton Brasil. Veronica fala sobre o movimento que já tem um ato marcado para o próximo sábado, em frente a prefeitura.“ O Veta Zé, o movimento nasceu logo após a votação e o projeto foi aprovado dentro da câmera né, só que o projeto como ele tem viés é inconstitucional né, ele vai de encontro às normas de diretrizes da LDB, enfim, então a gente a gente coloca o Veta Zé né que é na Perspectiva assim de pressionar o prefeito e dialogar também com ele para ele vetar não assinar aí esse projeto”.©Todos direitos reservados a Caririceara.com. O conteúdo não pode ser publicado, reescrito ou redistribuído sem prévia autorização. Passível de ação judicial com base na Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998 dos Direitos Autorais.
« Anterior
Próxima »