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Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Queda
de 0,5 ponto era esperada pelo mercado financeiro
O comportamento dos preços fez o Banco Central (BC)
cortar os juros pela quinta vez seguida. Por unanimidade, o Comitê de
Política Monetária (Copom) reduziu a taxa Selic, juros básicos da economia, em
0,5 ponto percentual, para 11,25% ao ano. A decisão era esperada pelo analistas
financeiros .
Em nota, o Copom informou que pretende continuar a
reduzir a Selic em 0,5 ponto percentual nas próximas reuniões. Na entrevista
coletiva do Relatório de Inflação de dezembro, o presidente do BC, Roberto
Campos Neto, indicou que o Copom sempre se refere aos próximos dois encontros
ao mencionar a expressão “próximas reuniões”, o que indica que os cortes
continuarão até maio pelo menos.
“Em se confirmando o cenário esperado, os membros do
comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões
e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária
contracionista necessária para o processo desinflacionário”, destacou o comunicado.
Em relação à quando os cortes serão interrompidos, o órgão informou que isso
dependerá do cenário econômico “de maior prazo”.
A taxa está no menor nível desde março de 2022, quando
estava em 10,75% ao ano. De março de 2021 a agosto de 2022, o Copom elevou a
Selic por 12 vezes consecutivas, num ciclo de aperto monetário que começou em
meio à alta dos preços de alimentos, de energia e de combustíveis. Por um ano,
de agosto de 2022 a agosto de 2023, a taxa foi mantida em 13,75% ao ano por
sete vezes seguidas.
Antes do início do ciclo de alta, a Selic tinha sido
reduzida para 2% ao ano, no nível mais baixo da série histórica iniciada em
1986. Por causa da contração econômica gerada pela pandemia de covid-19, o
Banco Central tinha derrubado a taxa para estimular a produção e o consumo. A
taxa ficou no menor patamar da história de agosto de 2020 a março de 2021.
Inflação
A Selic é o principal instrumento do Banco Central
para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de
Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em 2023, o indicador. Após sucessivas quedas
no fim do primeiro semestre, a inflação voltou a subir na segunda metade do
ano, mas essa alta era esperada pelos economistas.
O índice fechou o ano passado abaixo o teto da meta de
inflação, que era 4,75%. Para 2024, o Conselho Monetário Nacional (CMN) fixou
meta de inflação de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. O
IPCA, portanto, não podia superar 4,5% nem ficar abaixo de 1,5% neste ano.
No Relatório de Inflação divulgado no fim de
dezembro pelo Banco Central, a autoridade monetária manteve a estimativa de que
o IPCA fecharia 2024 em 3,5% no cenário base . A projeção, no entanto,
pode ser revista na nova versão do relatório, que será divulgada no fim de
março.
As previsões do mercado estão mais otimistas que as
oficiais. De acordo com o boletim Focus, pesquisa semanal com instituições
financeiras divulgada pelo BC, a inflação oficial deverá fechar o ano em 3,81% ,
abaixo portanto do teto da meta. Há um mês, as estimativas do mercado estavam
em 3,9%.
Crédito mais barato
A redução da taxa Selic ajuda a estimular a economia.
Isso porque juros mais baixos barateiam o crédito e incentivam a produção e o
consumo. Por outro lado, taxas mais baixas dificultam o controle da inflação.
No último Relatório de Inflação, o Banco Central reduziu para 1,7% a
projeção de crescimento para a economia em 2023.
O mercado projeta crescimento semelhante. Segundo a
última edição do boletim Focus, os analistas econômicos preveem expansão
de 1,6% do PIB em 2023.
A taxa básica de juros é usada nas negociações de
títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve
de referência para as demais taxas de juros da economia. Ao reajustá-la para
cima, o Banco Central segura o excesso de demanda que pressiona os preços,
porque juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.
Ao reduzir os juros básicos, o Copom barateia o
crédito e incentiva a produção e o consumo, mas enfraquece o controle da inflação.
Para cortar a Selic, a autoridade monetária precisa estar segura de que os
preços estão sob controle e não correm risco de subir.
Conteúdo da Agência Brasil